Encontro interinstitucional avalia e articula ações para a Educação a Distância em Goiás
CAPES, UFG, UEG e secretarias de educação discutem com
coordenadores de cursos e polos a situação e as perspectivas para a
modalidade de ensino no Estado
No
último dia 03, o CIAR reuniu diversos entes do setor público das
esferas municipal, estadual e federal para traçar um panorama da
Educação a Distância no Estado de Goiás. O evento “Educação Superior
Pública a Distância – Avaliação e perspectivas para Goiás” recebeu
coordenadores de Polo e coordenadores, professores e tutores dos cursos a
distância da UFG, além de representantes das Secretarias de Educação do
Estado de Goiás (SEDUC-GO) e de vários municípios goianos, da
Universidade Estadual de Goiás (UEG) e da Diretoria de Educação a
Distância da CAPES (DED/CAPES).

O
Coordenador-geral de Programas e Cursos em EaD da DED/CAPES, Marcello
Ferreira, apresentou o caso do sistema da Universidade Aberta do Brasil
(UAB) como política pública para o ensino superior no Brasil. O sistema
UAB é responsável pela gerência de 650 polos distribuídos no país (53 no
Centro-Oeste) que recebem cursos de 103 Instituições Públicas de Ensino
Superior (IPES). Mais de 400 mil alunos estão/estavam vinculados ao
sistema em 2013, dos quais 240.069 ainda estão cursando um dos 977
cursos oferecidos pelas IPES através da UAB. “A CAPES tem oferecido mais
cursos de licenciatura e especialização sobretudo em razão do foco na
formação de professores, mas também há numerosos cursos de bacharelado e
extensão”, destacou Marcello Ferreira.

Estudos
apresentados pelo representante da DED/CAPES revelam que o nível de
organização e institucionalização da EaD numa instituição são
diretamente proporcionais à qualidade do ensino oferecido nessa
modalidade. “Infra-estrutura e serviços oferecidos ao estudante são
itens bem avaliados pelas instituições de ensino – embora saibamos da
necessidade de fazer o aluno se sentir parte da universidade de forma
efetiva. 'Planejamento' e 'Pessoal', por sua vez, são áreas com
deficiência na EaD”, explicou Marcello Ferreira. Nesse ponto, diante das
perguntas do público, o palestrante reconheceu que “há precarização das
atividades de professor na EaD. Contudo, nem mesmo durante a greve da
categoria no ano passado, recebemos qualquer proposta concreta de
alteração desse quadro”, informou.
O
evento também recebeu a professora Catarina de Almeida Santos, da
Universidade de Brasília (UnB), que apresentou diversas perspectivas
para a expansão da modalidade de ensino no país. “A EaD pode ter
qualidade, mas é preciso garantir condições”, afirmou. “O crescimento da
modalidade de ensino, impulsionado pelas universidades federais,
acompanha o progresso da educação presencial. Mesmo assim, o ensino a
distância tem existido como uma estrutura paralela dentro das
instituições públicas: daí a necessidade de institucionalização e de
percebermos que problemas básicos de infra-estrutura, como uma conexão
de internet deficiente, podem romper com todo o processo”. De acordo com
a pesquisadora, a internet não pode ser o único meio de mediação da
EaD, mas por outro lado, “as instituições precisam entender que os
alunos que recebem não são os mesmos de 20 anos atrás”.
O
reitor da UFG, Prof. Edward Madureira Brasil, ressaltou que frente aos
mais de 7 milhões de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e
apenas 1 milhão de vagas ofertadas pelas IPES, “o Brasil precisa ter
pressa com o ensino superior”. “Não vejo nenhuma outra possibilidade de
acelerar o progresso de nosso país senão a expansão do acesso ao ensino
superior público de qualidade – seja ele presencial ou à distância,
visto que a tendência de hibridismo aponta para o fim dessa separação.
Por isso, o planejamento e os recursos são tão essenciais quanto a
necessidade de nossas unidades acadêmicas ofertarem cursos a distância”,
completou.